A chegada da era digital na Fotografia trouxe consigo diversas facilidades para o fotógrafo. A agilidade na edição, armazenamento da imagem, bem como na sua cópia e muitas outras facilidades que agora não convém citar. O importante é perceber que essa facilidade trouxe também uma maior possibilidade ao erro. Antigamente, errar custava caro, perdia-se filme e muito tempo. Hoje em dia o erro parece menos significante, pois no digital, além da possibilidade de fazer e refazer várias fotos, é possível constatar imediatamente o erro (antes era necessária a revelação e então, já era tarde demais).
Em todos esses aspectos, não há duvida que a fotografia digital veio para agregar e contribuir com o fotógrafo, mas percebo que esse volume exacerbado que ela oferece tem prejudicado muito o mercado profissional. O volume de fotos tornou-se muito maior e passou a ser comum alguns fotógrafos oferecerem centenas de imagens como resultado de um único ensaio.
Essa prática, no entanto é extremamente prejudicial, pois cria a idéia de que o importante no produto fotográfico é a quantidade e não a qualidade do serviço. O consumidor virá até o meu estúdio, esperando levar para casa centenas de fotos "meia-boca", ao invés de poucas dezenas devidamente bem tiradas e editadas com perfeição.
O surgimento recente de sites de compra coletiva veio então reforçar esse conceito. Outro dia vi uma oferta no Peixe Urbano que me deixou assustado. Books com 200 fotos "tratadas" por R$140,00. Sem considerar que as vezes até 50% desse valor vai para a comissão do site, isso significa que cada foto está sendo comprada a R$1,42. Hoje fiquei sabendo de uma outra promoção, dessa vez pelo Groupon, onde 200 fotos saem por R$69,00. Ou seja, 34 centavos cada foto! Com esse valor não é possível pagar os custos do próprio ensaio! Que dirá então os custos mensais, investimento e alimentação... Sim, fotógrafo também tem que comer! Basta colocar tudo na ponta do lápis para perceber o que estou falando.
Ainda não consigo compreender, como conseguem "tratar" 200 fotos. Com toda minha agilidade de edição, não consigo gastar menos de 15 minutos em cada foto. Ou seja, 20 fotos a cada 5 horas. Será que sou muito lento ou estão chamando o simples processo de revelação digital (equalização) da imagem, que é feito em lote, de tratamento?
Ainda não consigo compreender, como conseguem "tratar" 200 fotos. Com toda minha agilidade de edição, não consigo gastar menos de 15 minutos em cada foto. Ou seja, 20 fotos a cada 5 horas. Será que sou muito lento ou estão chamando o simples processo de revelação digital (equalização) da imagem, que é feito em lote, de tratamento?
Nunca fui contra a diferença de preços em qualquer mercado, pois acredito que cada um leva aquilo que paga. Se você não tem grana pra pagar um serviço com excelência, pague por outro menor. Até aí tudo bem, mas práticas como essa desvalorizam o próprio trabalho de quem o faz e desprestigia toda uma classe de profissionais.
Deixo aqui o meu desabafo e espero sinceramente que esses "profissionais" repensem o valor de seu próprio trabalho.
Deixo aqui o meu desabafo e espero sinceramente que esses "profissionais" repensem o valor de seu próprio trabalho.
Não sou contra nem a favor de fotógrafos que praticam esta desonestidade consigo mesmo.
ResponderExcluirFotógrafos assim tem que existir. Existem fotógrafos e fotógrafos, existem clientes e clientes.
Temos que ser realista, vivemos em um país onde a desigualdade social é gritante.
Não é porque a Fiat do Brasil vende Uno ou a Wolks vende Gol que a BMW, Audi e outras montadoras vão deixar de vender carros.
Tem que ter fornecedor para todas as classes sociais.
Isto é fato!!!
Concordo que é preciso ter todos os tipos de preços. Afinal de contas, existe mercado para todos. Mas você compraria um carro 0Km por 5 mil reais? O que eu quero dizer é que alguns valores são absolutamente irreais. Basta fazer uma simples conta de custos que pode-se perceber isso. Além do mais, se quer cobrar barato, cobre, mas ofereça pelo menos a 10 reais cada foto. Não se compra foto atacado.
ResponderExcluirA palavra que menos obsta a minha observação à esta matéria é: PERFEIÇÃO.
ResponderExcluirPerfeita a matéria. Uma pena não existir um livro aqui com os dizeres: quem assina em baixo? Eu seria o primeiro deles. Por incrível que pareça, hoje estava no Studio trabalhando e pensando no mercado de compras coletivas e me veio à cabeça algo que pensei em colocar no meu blog: "A prostituição dos profissionais pelo menor valor agregado à falta de crença em sua própria técnica e imagem".
Tenho visto também dentro dos salões e estudios de beleza essa falta de zelo com o seu "eu" de profissional. Tem pessoas vendendo um trabalho que sequer paga o mínimo operacional, que dirá da estrutura montada e o aparato necessário para dar um atendimento e uma prestação de serviço final com qualidade e presteza.
Concordo que o Brasil é um país muito estratificado socialmente, o que logicamente leva as pessoas a procurarem tudo na medida de sua condição. Mas e quem falou que condição quer dizer alienação? Afinal para prestar um bom serviço o profissional precisa cobrar equitativamente pois precisa comprar de qualidade câmera, lente, tesoura, bisturi, divã, maquilagem ...
Procurando informações sobre equipamentos fotográficos deparei com essa matéria no http://fotofacilrj.blogspot.com . Fiquei feliz pela dignidade dessa matéria e gostaria muito de poder compartilhar no meu face book como forma de divulgar seu trabalho didático, orientar novos fotógrafos, bem como estar deixando claro para quem vive pensando que temos a obrigação de trabalharmos de graça.
ResponderExcluirEm outra matéria de sua autoria, onde você cita o fotógrafo Eustáquio Neves, gostaria que soubesse que também o conheço, admiro e para mantermos esse intercambio, gostaria também que soubesse que eu na qualidade de produtor cultural produzi aqui em Belo Horizonte o Concurso de Fotografia Padre Eustáquio Van Lieshout e foi exatamente na nossa 4ª Edição consecutiva que o Eustáquio Neves entrou em cena. Foi o primeiro colocado e o professor Rui Cesar, representando a EBA-Escola de Belas Artes da UFMG, como presidente do nosso júri, entendeu que praticamente toda a obra do Eustáquio Neves, deveria ser premiada. Enfim, ganhou também menção honrosa pelo brilhantismo do seu trabalho.
Tudo isso aconteceu precisamente no ano de 1991. De premiado pelo nosso concurso foi galgando naturalmente seu espaço até conquistar o mundo. Coisa que eu como responsável pelo mesmo só tenho a me orgulhar.
Hoje estar aqui não é por acaso, ainda mais que você também é de Belo Horizonte, e ainda que tenha desviado do assunto central, só tenho a parabenizá-lo também pelo desvelo com que trata a fotografia.
Sou Fernando Barbosa e Silva, repórter fotográfico, e diretor-presidente do Espaço Cultural Casa do Fernando.
Parabéns Cid Costa Neto, estarei acompanhando seu blog como forma de estar aprendendo cada vez mais, bem como aguardo um possível comunicado seu no que diz respeito a uma autorização sua a estar compartilhando sua matéria sobre a desvalorização do fotógrafo.
Grato, Fernando Barbosa
Contato: (31) 98619869 E-mail: espacoculturalcasadofernando@yahoo.com.br - Blog: http://fernandobarbosaesilva.arteblog.com.br